quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

As melhores fontes de informação

Já se passaram quase seis meses, mas alguns momentos da viagem ao México ainda voltam à memória.

Recentemente, visitei um vilarejozinho próximo à Serra do Cipó, destino turístico de muitos mineiros que querem  relaxar (ou se aventurar) perto de Belo Horizonte. Chegar ao destino final — Lapinha da Serra — não foi fácil. O mapa que tinha era muito sucinto e, de repente, me deparei com bifurcações e mais de 40 quilômetros de terra. Tensão. No entanto, de acordo com as pessoas para as quais eu perguntava se estava no caminho certo, não havia motivo para preocupação. "É só seguir reto."

No estado de Yucatán, onde visitei várias cidades em um esquema "mochila", para chegar aos sítios arqueológicos era só ir também "derecho". "Siempre derecho, sí. Derechito!" Tragicômico. Quando eu e meus amigos parávamos para perguntar, já sabíamos a resposta. Era rir para não chorar. À certa altura, eu já nem me preocupava se iríamos chegar ou não ao que já tinha sido a cidade dos maias. Ficava só observando o movimento pacato na rua, os nomes engraçados das lojas, além da pratinha nos dentes de quase todos que nos ajudaram a ir "derecho".




Fotos da Lapinha eu deixo para outro post.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Teresita, niña linda

Após comer "totopos con frijoles y guacamole" e tomar uma Corona Extra, eis que surge uma menininha linda vendendo pulseiras:

- Mira las pulseritas que tengo!
- Hum... Lindas... Cómo te llamas?
- Tereza.

Daí em diante, uma amizade só! Teresita, a primeira figura notável que conheci no México, na cidade de Valle de Bravo (a cerca de uma hora e meia de D.F.). Sua mãe, Rubi, fica no estande que possuem na feirinha da praça principal, enquanto Teresita sai pelos arrredores, com seu carisma, para arrecadar alguns pesos mexicanos. E negocia como ninguém. Três pulseiras saíram por 25 pesos (aproximadamente R$ 3,30).

Mas só se preocupou com a venda depois de uns 40 minutos. Depois de ter contado o nome da mãe, do pai (Cristopher), a idade (7); de ter falado sobre a escola e a cidade de onde nunca saiu; de ter pedido discretamente un "nieve" ("no te entiendo, Terezita. Qué dijiste?" Resposta: "Ya estás borracha?"); de ter dado um beijinho em cada um; de ter tirado foto com a máquina de cada um (leva jeito!); enfim, depois de muita conversa!

É o tipo de momento que não se descreve com facilidade. Teresita é Teresita.

Prefiro olhar pelo buraquinho! Dá licença?

Momento de concentração ("No me mueva!")

Quando pedimos a ela para escrever seu nome no papel, Teresa pede, com astúcia, aquela nota do meu país que tinha acabado de guardar. De repente, começa a tentar imitar as letrinhas (dez reais) com a nota de cabeça pra baixo. "Peraí... Te ayudamos, Teresita. Te ayudamos". Tierna! Te devo um sorvete, linda!



domingo, 4 de julho de 2010

The Mexicans


Minha definição de mexicano é com certeza limitada. Em 2008, quanto tive contato com muitos nos Estados Unidos, constatei o óbvio: a maioria na cozinha de restaurantes — tanto nos chiques, de cardápio refinado e variado, quanto nos especialistas em tacos e burritos (a fast-food mexicana na concepção do Tio Sam). Vi que alguns são, sim, proprietários. Mas a maioria esmagadora é, de longe, a mão de obra que lava a louça e faz a comida.

Como qualquer imigrante nos Estados Unidos, mexicanos sofrem com o preconceito. Admiro muito quem suporta ser imigrante de país subdesenvolvido ou em desenvolvimento na sonhada "América". Tem que ter muito peito. A receptividade dos "americanos", principalmente em relação a quem chega para trabalhar, é claramente desconfiada, duvidosa.

E acho que vai ser assim por um bom tempo. E vai ser sempre pior para os mexicanos (espero estar equivocada). É que, mesmo não estando em seu melhor momento econômico, os Estados Unidos continuam a ser a melhor alternativa financeira para muitos deles. Claro. Quem é que não quer ganhar o salário em dólares e gastá-lo em seu país? Só os europeus, né?

Então, as notícias que continuam a ser publicadas são as do tipo "preso grupo de mexicanos que tentava cruzar a fronteira", "família tenta cruzar a fronteira por sistema de esgoto que conecta Tijuana a San Diego" (essa eu vi pela TV), "corpo de mexicana é encontrado a xkm da fronteira" e por aí vai. É triste.

Mais triste ainda é cruzar a fronteira e ver com os próprios olhos as diferenças que apenas uma cerca separa. Em menos de cinco minutos, indo de San Diego para Tijuana, é possível ver (nesta ordem): ruas asfaltadas e limpas, rodovia de primeira, carros modernos, palmeiras maravilhosas, sinalização adequada, fronteira (a placa México e algumas câmeras — qualquer um entra, sem lenço ou documento! Mas vai voltar...!), muros pichados, favelas, ruas esburacadas, carros caindo aos pedaços, camelôs, buzinaço e tudo mais que contrasta com o vizinho do "primeiro mundo".

Para ter uma pequena noção (pequena mesmo, porque não achei as fotos da fronteira), segue a foto de um outlet que fica exatamente na divisa de Tijuana e San Diego. Um metrô (trolley) conecta as duas cidades. Muitos vivem em TJ e trabalham legalmente em SD.

Detrás da cerca, Tijuana

E muitos vivem e trabalham nos EUA ilegalmente, claro. Assim funciona. E do que seria a terra do Tio Sam sem os ilegais? Como seria a day without a mexican?

(Os próximos posts serão dedicados exclusivamente aos mexicanos. Durante viagem ao México, seguramente terei outras impressões e conhecerei muitos que estão longe das cozinhas e do quintal dos EUA. Aqui, espero registrar várias figuras e uma visão mais completa dessa terra, que um dia já foi dona do Texas, da Califórnia, do Novo México, de Utah, Arizona e oeste do Colorado!)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A figura letã em imagens

Para quem ficou com curiosidade de conhecer a Kristine, seguem algumas fotos belíssimas (tiradas por alguns amigos). E, para quem quer saber o que ela achou dos post, um trechinho de um e-mail: OMG, you made my day. Your blog was the first thing I read while I was drinking my morning tea in my brand new 0,7 l cup. :D That was so funny to read about myself from someones point of view. I couldn`t understand only few things but my friend Google Translator helped me. :) (...) About blog, I think I got inspired from yours so maybe I`ll start to write something.






quarta-feira, 9 de junho de 2010

Kristine: uma letã no Brasil


"What´s the difference between claro, certo e com certeza?" "Today a saw a man riding a horse at Cristiano Machado." "There is only one person in every car I see." "Is there any plaza around here where I can just lay down to read a book?" Before the answers: can I laugh, Kristine? Rs, rs!

Normais para nós, tais fatos, no começo, causaram estranhamento em Kristine Apine, uma simpática letã que veio parar em Belo Horizonte em setembro de 2009. Isso mesmo: letã, aquela que nasce na Letônia, país ex-membro da união soviética — perto da Estônia e da Lituânia, you know? Não, né? Ok, então let´s Google it! No mapa: Latvia e sua capital, Riga. (Em praticamente todas as vezes que se apresenta, a reação das pessoas é de "onde fica isso?")


Exibir mapa ampliado

Pois é. Casada com brasileiro (meu brālis, no caso), ela agora se acostuma ao jeitinho e manhas do nosso país. Neste momento, precisamente, em Vitória/ES, lugar que “seems to be safer than BH”, segundo ela em primeiro e-mail após a mudança. “We walk a lot. There is no need of using car. There is a place close to the beach where I can walk alone even late.”

À primeira vista, ela não é assim tão exótica, como muitos podem pensar ser uma letã. Talvez eu já tenha me acostumado, claro. Se bem que acho que uma segunda olhadela já faz pensar: essa pessoa não é daqui.

É vaidosa à sua maneira. Ao contrário das brasileiras, não se preocupa excessivamente com a imagem, roupas, acesórios, salão... Pelo que sei, ela mesma corta seu cabelo e confecciona as pulseiras que usa. A aliança de prata está no colar, por conta do trabalho de mergulhadora que desempenhou com o marido numa ilha da Grécia. (Para não correrem o risco de perdê-la, preferiram não colocar na mão. Compõe o estilo meio hippie.)

Além de letão, fala russo, inglês e tem noções de polonês, finlandês (já foi babá de finlandesa) e, imagino eu, de grego e espanhol. O português também já está encaminhado. Pelo menos a gramática foi comprada! Em breve, deve frequentar um curso. Afinal, não tem nada a ver com português essa língua que prolonga algumas vogais! Não se diz Kristine, por exemplo. Se diz Kristiiiiiiine, porque o i leva um acento que nem sei achar no nosso teclado.

Aquela coisa de "com o tempo pega" pode funcionar com inglês e espanhol, mas com português, sendo letã...ah, duvido! Para ter noção, a dedicatória que ela escreveu em um livro que me deu de presente: "Daudz laimes. Dzisanas diena! Velan visu to labako!" (Com circunflexo ao contrário em algumas letras e um tracinho em cima de algumas vogais!) Esqueci de anotar o significado, mas deve ser algo semelhante a parabéns, feliz aniversário ou muitas realizações!

Desde que chegou, alguns fatos chamaram sua atenção:
- Segundo dia no Brasil: óculos escuros furtados! Ao voltar à loja onde havia experimentado roupa e esquecido os óculos, cadê? Já era. Tudo bem que não era de grife (ela não é dessas). Mas tinha um grande carinho por eles.
- No quesito mulheres: "É impressionante como todas as brasileiras têm bunda."
- No quesito comunicação: "Quase todos entendem inglês, mas por que não se aventuram a falar?"
- Nos primeiros meses: "Nunca estive em um lugar no qual chovesse tanto!" (De molho, em casa, por vários dias, tadinha.)
- No bar onde trabalhou como garçonete, o cliente, estressado, pergunta pelo chope "daquele jeito". Resposta: "Calma, relaxa a cabeça (c/ sotaque, óbvio)".

Aos poucos, ela conta curiosidades sobre a Letônia, país de apenas 2 milhões de habitantes. Para mim, o Dia do Nome é uma das particularidades mais engraçadas. No calendário letão, há dias que homenageiam os nomes próprios das pessoas. Algum dia de fevereiro, se não me engano, foi o dia do nome Ilona (como se chama uma de suas amigas). E rola comemoração como se fosse aniversário. Todas as Ilonas da Letônia celebraram esse dia, inclusive ela e a amiga, que também está no Brasil. Só não sei se rolou presente.

Bom, fora o fato de que em sua certidão de nascimento o país registrado não existe mais (URSS), há muitas outras curiosidades que envolvem essa figura, que é também inteligente, engraçada e criativa. Acho que só conhecendo mesmo para ter noção.
Já falei para ela fazer um blog sobre os contrastes entre Brasil e Letônia. Até cheguei a criar um com ela: mushroomsandbananas.wordpress.com — o nome faz referência a alimentos que encontramos em abundância nos dois países. Mas ela ainda não começou a escrever.

Além desse, meu incentivo também vai para o auladerusso.wordpress.com. Lembra que criamos, Kristine? Esse é bom para você vender seu peixe. Aposto que é a única letã em Vitória! Vai fazer sucesso e abrir uma escola, hein?! Tô sentindo.

Só não arrisco a dizer que você é a única letã do Brasil porque a Ilona está aqui, né? Rs! Será que há mais letões (ou letoneses, como diz a galera) em terras brasileiras? De qualquer maneira, um futuro verde e amarelo te espera, garota. You know we looove foreigners here!

Ps: posso colocar aquelas suas fotos artísticas aqui? If you didn´t understand a word, tell me, okay? Haha! I can translate it.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Cadê?

Respondendo a alguns queridos amigos:
Não é que me esteja faltando inspiração para encontrar figuras. Com uma certa frequência, elas aparecem. Mas é que o tempo anda apertando minhas ideias mesmo. E aquele ímpeto de conhecer gente diferente está --e muito-- ligado à estrada.
Necessidade: viajar.
Desejo: ganhar na megassena. Ahã.
Sei lá...
Logo, logo, alguma aparece.

Até.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O verdadeiro folião


Ele não dança nem curte "rebolation". Ele não dança que nem o Jacaré ou a Carla Perez (ou qualquer correspondente dos dias de hoje). Quando escuta "Parangolé", ele treme —de aflição. E tem a certeza de que o Rio é melhor que Salvador, sem ao menos ter passado um feriado pecaminoso na capital baiana.
Sua fantasia é de vovó, melindrosa, bailarina (o), Chaves ou até avatar. Gosta muito de serpentina e confete. Quando perguntado sobre o hit da folia de 2010, ele, talvez, responda:
- Váriash marchinhash, como "Quanto riso, oh, quanto alegria. Mais de mil palhaços no salão. Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão... Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval." (Dedinhos pra cima.)
O importante é seguir o bloco e, se der, bater palmas para o pôr do sol no Arpoador.