quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Figura nº 3: Sanjay, o indiano


Logo que cheguei ao Brasil, a novela Caminho das Índias começou. Inevitavelmente, lembrei-me de Sanjay – meu colega indiano do curso de inglês – e lhe enviei o link do site da novela. Seu comentário, que já suspeitava qual seria, me fez pensar muito sobre o modo como nós, ocidentais, vemos o povo do outro lado do mundo. “Aquele site me fez rir muito”, disse.

O porquê está nos vídeos que mostram elefantes e camelos pelas ruas do país. “Isso acontece apenas em uma parte realmente subdesenvolvida do país. Mas é claro que se você quiser trazer seu elefante para a rua, ninguém vai pará-lo”. O mostrado no vídeo não é, de fato, uma mentira. Mas tão pouco pode ser considerado um retrato da Índia atual, como o fazem os “superiores ocidentais” que já vi por aí.

Hoje, pode-se dizer que jovens como Sanjay Sureshbhai Rathod representam a potencialidade do tigre branco. Nascido em Ahmedabad, no estado de Gujarat, Sanjay é , aos 25 anos, fluente em inglês, graduado em Computer Applications e Direito, quase dono de um título de MBA - que está cursando na Southern States University, em San Diego (EUA) - e possui parceria com uma firma indiana de construção e stock brokerage.

Em julho de 2007, ele decidiu a ir aos Estados Unidos para se juntar ao seu irmão (de quem ele diz não conseguir viver longe) e explorar um jeito diferente de viver. “Sou muito curioso quando se trata de conhecer novas pessoas e nova cultura. Adoro viajar! Não tenha dúvidas: viajarei o mundo antes de morrer. E logo, logo, visitarei Brasil e Turquia”, diz. (Também já passou por Dubai, Cingapura e Canadá.)

Com visto de estudante, Sanjay não tem permissão no momento para trabalhar na terra do Tio Sam. O dinheiro que gasta com o curso (no qual tem aproveitamento A), aluguel, alimentação e entretenimento é resultado de uma poupança que adquiriu em seu país, sem a ajuda dos pais. Com registro de advogado na Alta Corte de Gujarat, ele já teve dois trabalhos no governo, que lhe permitiram um saldo razoável no banco.

A vida nos Estados Unidos vai bem. Um de cerca de 3 milhões de indianos em solo americano, ele afirma não sentir tanto o preconceito. “Às vezes eu noto algum, mas não ligo muito”. Em San Diego Sanjay diz encontrar uma boa atmosfera, pessoas legais, boa infra-estrutura e menos trânsito engarrafado. “É um bom lugar para se viver”.

Esse é, sem dúvida, um atrativo. Mas para ficar nos Estados Unidos, só se fosse para construir uma carreira de empresário. “Tenho algumas ideias sobre negócios e pessoas com as quais poderia investir. Mas nada é certo. Também penso em voltar à Índia para continuar minhas atividades na área da advocacia e fazer algum trabalho voluntário para ajudar pessoas pobres”.

Amigo de mexicanos, americanos e, claro, indianos, ele considera a Índia o extremo oposto dos Estados Unidos. “O jeito de viver, os padrões de vida, as leis, a cultura.... É tudo diferente”. Diferença essa que, em geral, não o incomoda. (Pudera... No caldeirão de San Diego, a diversidade é um encanto e um aprendizado para quem quer realmente expandir os horizontes.)

E você ficaria nos Estados Unidos para sempre, Sanjay? “Acredito que não. Lar é lar. Lar é aquele lugar onde você sempre achará a paz verdadeira”, diz. Orgulho do país em que nasceu é o que não falta: “É um privilégio e um prazer ser indiano. Esta é a terra onde você aprende o que é relacionamento. Eu amo ser indiano. Nunca me arrependi disso na vida. Alguns indianos não têm orgulho, principalmente os que vivem aqui nos Estados Unidos. Mas me considero realmente abençoado e respeito todas as outras nacionalidades. Se eu tivesse a chance de renascer, com certeza escolheria ser indiano”.

A vida na Índia
Sanjay cresceu numa casa cheia. Mãe, pai, irmãos (um menino e uma menina), avós e tios moravam na residência. Segundo ele, a família sempre viveu – e vive - com conforto, numa das melhores área da cidade, e sempre teve bens, como casas e terrenos. As boas condições de vida relacionam-se a região em que vive, que é conhecida pelas várias ofertas de trabalho. (Segundo ele, o estado de Gujarat é o pólo industrial da India.)

Sua infância foi tranquila e marcada por diversos encontros familiares. O dia-a-dia era o de uma joint family comum. [Uma Hindu Joint Family ou Hindu Undivided Family (HUF) é um estilo de vida familiar praticado na Índia, no qual, geralmente, três gerações vivem juntas – sob o mesmo teto; compartilham a mesma cozinha; dividem renda e despesas; oram no mesmo lugar; e na qual todas as decisões são feitas pelo homem-chefe da família.]

Como parte da cultura hindu, Sanjay e seus parentes seguem os princípios do Geeta, o livro sagrado. Mas nem todos que se relacionam com a família são hindus. Vários amigos de Sanjay são muçulmanos e seguem o alcorão, o que ele diz não representar problema algum. “O islamismo e o hinduismo são as principais religiões no país. Mas há várias outras, como cristianimo, sikhismo, budismo etc., que também se subdividem em castas, possuem suas próprias crenças, costumes, vestuário, comida, rituais, língua ou sotaque. Na estrutura social hindu, por exemplo, há as comunidades dos tailers, farmers, gold-smith e black-smith. A resposta para como consigo lidar com todas essa mistura está no fato de que nós vemos uns aos outros como seres humanos. Religiões à parte, temos muito em comum. Geralmente, não trazemos nossa religião para nossos relacionamentos”, explica.

Amizade
Na Índia, parte da rotina de Sanjay era o Vishnu Pan Parlar, lugar em que grupos de pessoas se reúnem para jogar conversa fora, fumar e beber chá ou drinks gelados. Todas as noites, depois do jantar, ele se juntava a cerca de 25 amigos no local. “Não importava o quão ocupados estivéssemos ou como estávamos nos sentindo. Sempre nos reuníamos lá para fumar (tabaco) e conversar por horas sobre problemas, política, saúde, relacionamentos, negócios, cricket etc.. Eu gosto desse pan parlor porque é longe do centro urbano e possui uma vista verde bonita. Vários outros grupos também vão até lá por esse motivo, já que muitos jovens querem esconder da família que fumam ou possuem algum tipo de vício”, conta.

Hoje, o grupo de amigos encontra-se desfalcado, já que alguns estão nos Estados Unidos, outros na Inglaterra e em diferentes países. Mesmo sem os encontros diários, Sanjay conta que todos procuram manter o contato. No Orkut, a comunidade Vishnu Pan Parlar foi criada justamente para mantê-los unidos, ainda que virtualmente.

Reconhecendo a Índia
Sanjay não nega os problemas pelos quais o país passa. Mais que caos no trânsito, a Índia sofre com uma estrutura política na qual muitos não acreditam funcionar. “A nossa política tem influenciado negativamente o desenvolvimento do país e as vidas de muitos. Corrupção é a rotina de qualquer indiano. Se você quer que as coisas sejam feitas, você tem que dar dinheiro. E em algumas vezes você tem que dar a propina diretamente à pessoa que comanda o serviço, ao chefe”, explica. “Outro ponto negativo é que muitos ainda não sabem ler ou escrever”.

Inevitável não lembrar do Brasil ao ouvir isso. É, os “em desenvolvimento”de lados opostos do planeta vivem problemas parecidíssimos. O abismo social ainda é grande e pobres moram ao lado de empresários riquíssimos. Raciocinar isso não é difícil. Difícil é (para mim) ouvir gente (ocidental) falar que a Índia é coisa de outro mundo, que não têm nada a ver com a gente, que lá elefante é o principal meio de transporte. É o mesmo que achar que todo brasileiro tem uma minisselva e um mico leão dourado na varanda de casa.

A visão de que tudo que está no oriente é “de outro mundo” dá preguiça. É uma questão de mapa mundi que deve ser abolida. Quem ainda não sabe – ou não procura saber – das potencialidades dos países do oriente e ainda demonstra preconceito, precisa se livrar de pensamentos errôneos. Esses sim, subdesenvolvidos. Não é, Sanjay?

Curiosidades sobre a Índia (enviadas por Sanjay):

Q. Who is the GM of Hewlett Packard (hp)?
A. Rajiv Gupta

Q. Who is the creator of Pentium chip (needs no introduction as 90% of the today's computers run on it)?
A. Vinod Dahm

Q. Who is the third richest man on the world?
A.. According to the latest report on Fortune Magazine, it is Azim Premji, who is the CEO of Wipro Industries. The Sultan of Brunei is at 6 th position now.

Q. Who is the founder and creator of Hotmail (Hotmail is world's No.1 web based email program)?
A. Sabeer Bhatia

Q. Who is the president of AT & T-Bell Labs (AT & T-Bell Labs is the creator of program languages such as C, C++, Unix to name a few)?
A. Arun Netravalli

Q. Who is the new MTD (Microsoft Testing Director) of Windows 2000, responsible to iron out all initial problems?
A. Sanjay Tejwrika

Q. Who are the Chief Executives of CitiBank, Mckensey & Stanchart?
A. Victor Menezes, Rajat Gupta, and Rana Talwar.

Q. We Indians are the wealthiest among all ethnic groups in America, even faring better than the whites and the natives.
There are 3.22 millions of Indians in USA (1.5% of population). YET,
38% of doctors in USA are Indians.
12% scientists in USA are Indians.
36% of NASA scientists are Indians.
34% of Microsoft employees are Indians.
28% of IBM employees are Indians.
17% of INTEL scientists are Indians.
13% of XEROX employees are! Indians.

Some of the following facts may be known to you. These facts were recently published in a German magazine, which deals with WORLD HISTORY FACTS ABOUT INDIA .
1. India never invaded any country in her last 1000 years of history.
2. India invented the Number system. Zero was invented by Aryabhatta.
3. The world's first University was established in Takshila in 700BC. More than 10,500 students from all over the world studied more than 60 subjects. The University of Nalanda built in the 4 th century BC was one of the greatest achievements of ancient India in the field of education.
4. According to the Forbes magazine, Sanskrit is the most suitable language for computer software.
5. Ayurveda is the earliest school of medicine known to humans.
6. Although western media portray modern images of India as poverty striken and underdeveloped through political corruption, India was once the richest empire on earth.
7. The art of navigation was born in the river Sindh 5000 years ago. The very word "Navigation" is derived from the Sanskrit word NAVGATIH.
8. The value of pi was first calculated by Budhayana, and he explained the concept of what is now k! nown as the Pythagorean Theorem. British scholars have last year (1999) officially published that Budhayan's works dates to the 6 th Century which is long before the European mathematicians.
9. Algebra, trigonometry and calculus came from India . Quadratic equations were by Sridharacharya in the 11 th Century; the largest numbers the Greeks and th e Romans used were 106 whereas Indians used numbers as big as 10 53.
10. According to the Gemmological Institute of America, up until 1896, India was the only source of diamonds to the world.
11. USA based IEEE has proved what has been a century-old suspicion amongst academics that the pioneer of wireless communication was Professor Jagdeesh Bose and not Marconi.
12. The earliest reservoir and dam for irrigation was built in Saurashtra.
13. Chess was invented in India .
14. Sushruta is the father of surgery. 2600 years ago he and health scientists of his time conducted surgeries like cesareans, cataract, fractures and urinary stones. Usage of anaesthesia was well known in ancient India .
15. When many cultures in the world were only nomadic forest dwellers over 5000 years ago, Indians established Harappan culture in Sindhu Valley ( Indus Valley Civilisation).
16. The place value system, the decimal system was developed in India in 100 BC.

Curtas (sobre Sanjay):


- Qual o significado do seu nome? Sanjay possui um significado histórico. No épico indiano de Mahabharat, Sanjay significa visionário.
- Quais são os filmes de que mais gosta? Omkara (indiano), Beleza Americana e Uma Mente Brilhante.
- O que gosta de ler? Washington Post, Union Tribune, USA Today e jornais da Índia.
- O que gosta de beber? Adoro vodka, mas não bebo muito. Em Gujarat, álcool é proibido. Nos Estados Unidos, bebo um pouco quando vou a festas.
- Americanas ou indianas? Garotas indianas são basicamente orientadas pela família, fiéis e não deixam o parceiro falir para pagar contas próprias. É certeza que uma garota indiana permanece ao seu lado idependentemente da situação pela qual está passando —boa ou ruim. Ela nunca o deixará se possui pouco ou dinheiro nenhum.
- Você pretende se casar e construir uma família? Sim. Quero casar com a pessoa certa, ter filhos e ser feliz. Não importa o lugar do mundo em que estejamos. O mais importante é que todos estejam felizes.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Figura nº2: Gari "underground"















Há 50 anos, um piercing no rosto era certamente uma novidade. Quase um pecado. Hoje, assim como tatuagem, ter um brinco perfurado na língua, na sobrancelha, no nariz ou na orelha é mais que normal. Mas o que dizer de 93 piercings espalhados (ou seria aglutinados?) em todo o rosto e nas orelhas, 15 tatuagens, unhas e cabelos coloridos e um uniforme ‘laranja cheguei’?

É inevitável não olhar para ela. Margarete Maria da Silva, de 52 anos, chama a atenção por onde passa e varre. “As pessoas mexem comigo, me parabenizam e dizem que sou corajosa”. Há 23 anos limpando as ruas de Belo Horizonte, essa gari underground coleciona furos que guardam uma curiosa história de herança indígena.

Tudo começou no aniversário de oito anos, em 1965:

- Filha, infelizmente não tenho dinheiro para comprar um presente, mas posso levar você até a pracinha para assistir a um filme. Quer?
- Quero, mãe.

Aí nasceu a inspiração de Margarete. Na tela, a cena de uma índia que perfura o nariz com pedaços de bambu. No banco da praça -- a principal da cidade de Serro, em Minas Gerais -- os olhos encantados de uma criança. “Não me lembro do nome do filme, mas me lembro direitinho da índia se ‘estrepando’ toda. Ela mesma enfiava o bambu no nariz”, recorda.


Aquilo não saiu da cabeça da menina. Ao chegar à casa, os pés de ora-pro-nobis, laranjeira e coqueiro deram ainda mais asas à sua imaginação. Ela retirou vários espinhos e esperou o dia seguinte para, digamos, se enfeitar. Depois que a mãe saiu para o trabalho, pela manhã, ela se trancou no quarto e deu início a operação-espinho.

“O primeiro eu ‘estrepei’ no nariz. Não senti dor nenhuma. Aí fui colocando os outros que peguei na pornobe (sic). Pus na testa, na bochecha, perto do olho... Tudo de uma vez só”.

Quando a mãe chegou do trabalho com a ‘mutuca’ (cesta com alimentos) na mão, Margarete se escondeu -- um comportamento incomum diante da chegada da comida. Ela esperou o medo passar um pouco e apareceu: “Olha, mãe. Olha! Eu também sou índia!”

“Foi aí que ela me cortou na precata roda e na vara de marmelo, para depois me levar ao médico”. Chocado, ele retirou todos os espinhos e alertou: “vigie a sua filha para que ela não repita isso”.

- Não adianta, mãe. Eu vou pôr tudo de novo.
- Se você fizer isso, te arrebento no couro.

Para fugir do possível castigo e não deixar que um de seus nove irmãos desconfiasse, Margarete voltou a colocar os espinhos e fugiu para a casa da madrinha. Mas sua desobediência não foi aprovada e a mandaram de volta para casa.

A mãe entrou em pânico. E a filha também: “se não me deixar ficar com eles, eu vou fincar todos no meu coração.” E agora? Levá-la para o médico e depois ter que voltar para o mesmo procedimento não iria funcionar. Como dizia a mãe, “médico tem coisa mais importante para fazer do que tratar de malcriação de criança”.

- Você não está sentindo dor, filha?
- Não!

Então, “seja o que Deus quiser”. E assim foi. Durante trinta anos ela manteve partes de sua laranjeira, coqueiro e ora-pro-nobis no rosto. Ela se acostumou e a família também -- principalmente seus sete filhos, que cresceram vendo uma mãe diferente das outras.

A troca
A decisão de trocar os espinhos por piercings surgiu depois que ela começou a trabalhar na empresa responsável pela limpeza urbana de Belo Horizonte, que a aceitou com os enfeites na cara desde que estivesse segura de que isso não lhe atrapalharia a enxergar. No exame admissional, Margarete provou que a visão estava boa, assim como a saúde.

Aos poucos, a gari foi comprando piercings que via em lojas do centro da cidade -- que iam de R$ 1 a R$ 10 -- e, após juntar vários, trocou tudo de uma só vez. “Eu vi que eles estavam fabricando coisa melhor que espinho”.

- Margarete, mas não é possível que não dói!
- Iiiiih, minha filha... Nunca tive problema de inflamação. Cicatriza tudo rapidinho. Eu posso cair no chão e me esfolar todinha que saro rápido. Eu mesma coloco todos os piercings. Aprendi com os espinhos, né?

Dos setes filhos, apenas o mais novo, de 19 anos, tem um piercing na boca. Já a namorada do garoto, que possui um no nariz, se inspirou na sogra e colocou mais um na orelha.

O que as pessoas falam
Segundo Margarete, apesar de o preconceito de hoje ser muito menor do que há quarenta anos, ela nunca se sentiu incomodada. Os irmãos costumavam dizer que ela era de outra raça e mundo; outros a chamavam de “louca varrida” e “indígena”; e alguns a apelidaram de “louro”, “papagaio” e “periquito” por causa do cabelo vermelho. “O pessoal falava que eu tinha pacto com o demônio”, conta.

Mas isso não a afetava. Principalmente quando, antes de ser gari, ela vendia bijuterias nas ruas da cidade. “Meus espinhos atraíam as pessoas. Elas gostavam do meu tipo. Eu vendia muito e até sobrava dinheiro”. Os acessórios eram do estilo hippie, feitos com cordas, clipes, miçangas e anéis de lata.

As tatuagens, muitos pensam ser adesivos colados. Seu colega de rua as fez há mais de 20 anos, quando passou um dia inteiro com a agulha e tinta sobre o corpo de Margarete. A que faz mais sucesso até hoje é a de um casal de leões fazendo amor nas suas costas. “É a que eu mais gosto, né? É o meu signo”.

No trabalho, ninguém parece se assustar com o visual da gari. “Eu não tenho nada contra. Acho até legal. Todo mundo já está acostumado com ela assim”, afirma Teresa Azevedo, colega de Margarete e também gari.

Na escola (agora ela está aprendendo a ler e a escrever), o único comentário foi o do professor, que pediu a ela para cortar um pouco as unhas, senão não seria possível usar o computador. “Quando tentei digitar alguma coisa no teclado, o “r” saiu seis vezes na tela do computador (Rrrrrr).” Depois do pedido, Margarete cortou as de alguns dedos.

“Eu gosto de ser assim. É uma loucura mesmo... Um espírito meio aventureiro. Sabe como é, né? Quanto mais faz, mais quer. Eu pretendo colocar mais piercing sim”, diz.

O estilo, digamos radical, se pode notar também no seu dia-a-dia. Margareth gosta de andar com pulseiras no pé e calça rasgada. Do que ela não abre mão de maneira alguma é dos brincos no rosto. Se um dia tivesse que tirá-los, provavelmente perderia sua identidade. Mas nunca a lembrança do filme. “O piercing de que mais gosto é este aqui da orelha, que tem formato de espinho”.