domingo, 4 de julho de 2010

The Mexicans


Minha definição de mexicano é com certeza limitada. Em 2008, quanto tive contato com muitos nos Estados Unidos, constatei o óbvio: a maioria na cozinha de restaurantes — tanto nos chiques, de cardápio refinado e variado, quanto nos especialistas em tacos e burritos (a fast-food mexicana na concepção do Tio Sam). Vi que alguns são, sim, proprietários. Mas a maioria esmagadora é, de longe, a mão de obra que lava a louça e faz a comida.

Como qualquer imigrante nos Estados Unidos, mexicanos sofrem com o preconceito. Admiro muito quem suporta ser imigrante de país subdesenvolvido ou em desenvolvimento na sonhada "América". Tem que ter muito peito. A receptividade dos "americanos", principalmente em relação a quem chega para trabalhar, é claramente desconfiada, duvidosa.

E acho que vai ser assim por um bom tempo. E vai ser sempre pior para os mexicanos (espero estar equivocada). É que, mesmo não estando em seu melhor momento econômico, os Estados Unidos continuam a ser a melhor alternativa financeira para muitos deles. Claro. Quem é que não quer ganhar o salário em dólares e gastá-lo em seu país? Só os europeus, né?

Então, as notícias que continuam a ser publicadas são as do tipo "preso grupo de mexicanos que tentava cruzar a fronteira", "família tenta cruzar a fronteira por sistema de esgoto que conecta Tijuana a San Diego" (essa eu vi pela TV), "corpo de mexicana é encontrado a xkm da fronteira" e por aí vai. É triste.

Mais triste ainda é cruzar a fronteira e ver com os próprios olhos as diferenças que apenas uma cerca separa. Em menos de cinco minutos, indo de San Diego para Tijuana, é possível ver (nesta ordem): ruas asfaltadas e limpas, rodovia de primeira, carros modernos, palmeiras maravilhosas, sinalização adequada, fronteira (a placa México e algumas câmeras — qualquer um entra, sem lenço ou documento! Mas vai voltar...!), muros pichados, favelas, ruas esburacadas, carros caindo aos pedaços, camelôs, buzinaço e tudo mais que contrasta com o vizinho do "primeiro mundo".

Para ter uma pequena noção (pequena mesmo, porque não achei as fotos da fronteira), segue a foto de um outlet que fica exatamente na divisa de Tijuana e San Diego. Um metrô (trolley) conecta as duas cidades. Muitos vivem em TJ e trabalham legalmente em SD.

Detrás da cerca, Tijuana

E muitos vivem e trabalham nos EUA ilegalmente, claro. Assim funciona. E do que seria a terra do Tio Sam sem os ilegais? Como seria a day without a mexican?

(Os próximos posts serão dedicados exclusivamente aos mexicanos. Durante viagem ao México, seguramente terei outras impressões e conhecerei muitos que estão longe das cozinhas e do quintal dos EUA. Aqui, espero registrar várias figuras e uma visão mais completa dessa terra, que um dia já foi dona do Texas, da Califórnia, do Novo México, de Utah, Arizona e oeste do Colorado!)