terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Mulher afegã

Nunca conheci uma delas de verdade. Não tenho ideia se verei uma algum dia, ao vivo. Talvez. Mas já me sinto à vontade para declará-la notável: a mulher afegã. Principalmente aquela que assistiu à invasão soviética, sofreu com a perda de entes queridos, se submeteu à incrível rigidez talibã (sob a burca) e ainda sobreviveu para ver de perto a chegada dos Estados Unidos.

E isso tudo ao lado de uma presença masculina pesada. Daquelas que sufocam, tiram o brilho dos olhos e calam o grito. Conheci uma mulher mais ou menos assim lendo o livro Cidade do Sol (A Thousand Splendid Suns). Ela faz parte de uma ficção, é claro. Mas é tão real ao mesmo tempo... Na história, ela sofre, sofre muito. E não tem o final que esperamos, que aguardamos ansiosamente. Ela segue um caminho áspero, escuro, cheio de pedras. Aceita muito, mas não deixa de ser batalhadora -- assim como uma amiga querida que lhe surge no meio do nada, quando o coração parecia fadado ao vazio para toda a eternidade.

Se conto mais, estrago a surpresa. Não ousaria dizer que é o retrato da afegã. Quem sou eu para afirmar isso. Mas me parece que é o retrato da afegã naquele tempo. O pensamento que fica é: que "Mariams" sejam mais felizes e "Lailas" também. Vale a pena conhecê-la(s).